quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Era uma vez o sonho de voar!

A Madalena dedicou-me este artigo e eu fiquei tão sensibilizada que o coloco aqui, para o ir relendo.Obrigada.Obrigada. Obrigada
Luísa
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Se os mínimos seres que são as aves estão além e logo, logo, mais além ainda, no mesmo minuto, o homem, esse ser superiormente inteligente, não conseguirá imitá-las?
Talvez o segredo esteja na existência das asas, uma espécie de braços, sem mãos e cobertos de penas. Braços mais compridos do que pernas.
Os homens tentaram asas, como fez Dédalo para si e para o seu filho Ícaro, para fugir do labirinto, invenção sua para guardar o meio-homem meio-touro, Minotauro.
O Velho do Restelo registou para sempre, no poema maior, a sua reprovação:
Não cometera o moço miserando
O carro alto do pai, nem o ar vazio
O grande arquitecto co'o filho, dando
Um nome ao mar, e o outro fama ao rio.
Pobre pai que não contou com a inexperiente ambição do filho que tanto se aproximou do sol, que as asas se derreteram e nenhuma divindade lhe valeu, pagando caro o erro da juventude: ir para além do além possível.
O ar, o mar, a terra! Para vencer o espaço é preciso conhecê-los bem, estudá-los muito!
E o sonho cumpre-se!
Gago Coutinho, português, nasceu na Madragoa, outra maneira de dizer Lisboa, a 17 de Fevereiro de 1869 e morreu em Lisboa, noventa anos e um dia depois e depois de ter dado ao mundo muito do seu saber e todos os seus estudos, que hoje nos permitem mágicas deambulações entre fusos horários, gentes e civilizações tão distantes.
O seu nome ficou indelevelmente, fraternalmente ligado ao de Sacadura Cabral, seu companheiro de mares e ares, seu irmão de sonho.
E porque os sonhos não têm preço sujeito às variações da bolsa, foi nos "vinte escudos" que se fixou a homenagem a Gago Coutinho. O autor conseguiu imprimir na nota de vinte o olhar de Gago Coutinho em direcção ao futuro!


Estas linhas são para a Luh e todos sabemos porquê!
Em directo, da terra das amendoeiras em flor...

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Morreu Carlos Alberto Sampaio Morgado



Morreu o meu primo Cabé. Tinha um cancro nos pulmões. A pedido dele o funeral será muito privado e será cremado. As cinzas serão espalhadas no Rio Zambeze, em Tete, Moçambique, onde nasceu.
Que descanse em paz.

Comunicado do Governo de Moçambique


O Conselho de Ministros, com grande pesar e consternação, comunica que faleceu, na manhã de hoje, dia 15 de Fevereiro de 2007, pelas 06:00 horas, em Lisboa, Portugal, vítima de doença, o Engenheiro Carlos Alberto Sampaio Morgado, quadro superior do Estado e ex-Ministro da Indústria e Comércio.
O Engenheiro Carlos Alberto Sampaio Morgado, nasceu a 9 de Julho de 1946, em Tete, Província do mesmo nome.
Carlos Morgado fez os seus estudos até o nível secundário da cidade da Beira. Frequentou a Universidade Lourenço Marques, até se graduar como Engenheiro Electrotécnico, em 1970.
Iniciou a sua carreira profissional, em 1970, na então DETA, actual Linhas Aéreas de Moçambique - LAM,.
Carlos Morgado desempenhou desde 1996 as funções de Presidente do Conselho de Administração do Casino Hotel Polana, e foi Administrador em várias sociedades tais como Hotel Polana, Limitada, Salvor Hotéis Moçambique, CELMOQUE. Foi igualmente Administrador da SOCIEF, de 1989 a 1993, e Administrador Representante das Linhas Aéreas Africanas na SITA, de 1994 a 1998.
Dadas as suas qualidades exemplares de quadro e de dirigente, Carlos Morgado, em Janeiro de 2000, foi nomeado Ministro da Indústria e Comércio, cargo que exerceu até Fevereiro de 2005.
Até à data da sua morte, Carlos Morgado, exercia as funções de Presidente do Conselho de Administração do Grupo Pestana/Moçambique.
O Engenheiro Carlos Alberto Sampaio Morgado deixa viúva e seis filhos.
As suas exéquias fúnebres serão anunciadas oportunamente.
Carlos Alberto Sampaio Morgado será, sempre recordado pelas suas qualidades exemplares de patriota dedicado a causa da independência e do desenvolvimento económico e social do nosso país.
Neste momento de dor, por esta perda irreparável, o Conselho de Ministros apresenta à família enlutada as mais sentidas condolências.

Plano de emergência em Moçambique

Já sei que no Líupo está tudo bem. Obrigada aos que se preocuparam.

Quando é que será criada uma infraestrutura para que não se repitam ciclicamente estas cheias. Já nos anos 70 acontecia o mesmo. L.



Este artigo foi copiado daqui.


Cheias já fizeram 68 mil desalojados



O Governo de Moçambique tenta por todos os meios evitar a repetição da tragédia de 2001. Activou já os planos de emergência no centro e norte do país para socorrer as populações afectadas pelas cheias do rio Zambeze. A subida das águas provocou até agora 68 mil desalojados.

São já 15 mil hectares de plantações inundadas, cinco mil casas destruídas, 68 mil desalojados nas províncias de Zambézia, Tete, Manica e Sofala.

As cheias do rio Zambeze levaram já o governo de Maputo, com o apoio das Nações Unidas, a activar os planos de emergência para socorrer as populações afectadas pela subida das águas no centro e norte de Moçambique.

Mais de 26 mil pessoas estão actualmente abrigadas em 53 centros de acomodação ao longo de quatro províncias. O Instituto Nacional de Gestão de Calamidades Naturais (INGC) estima que 142 mil pessoas poderão necessitar de assistência humanitária em poucas semanas.

Com previsões de mais chuva, e novas descargas da barragem de Cahora Bassa, as autoridades moçambicanas tentam evitar a repetição da tragédia de 2001, quando as cheias mataram 700 pessoas ao longo do rio Zambeze.

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

A África de Mia Couto


Estação dos Caminhos Ferro da Cidade da Beira, terra natal de Mia Couto.

"Sou de um tempo e lugar em que os comboios eram lentos, tão vagarosos que pareciam arrependidos da viagem. Na estação, não havia despedida. Nada de separação traumática, o golpe definitivo da partida. Tudo era tão lento e esfumado que se convertia em irrealidade. A despedida como repentina ruptura eu aprendi mais tarde, no meu primeiro aeroporto. Voar é o sonho da própria poesia. Mas o voo tem despesas de afecto muito pouco poéticas.
Nasci e vivi entre meandros de rios, preguiçosas águas que se apegavam às margens. A estação ferroviária obedecia a essa líquida paisagem. O comboio era um barco e eu entendia porque se chamava «cais» àquela plataforma onde as mães agitavam os lenços brancos. Para mim, os modos lentos do comboio não resultavam de incapacidade motora. Eram, sim, gentileza. Uma afabilidade para com essas pequenas mortes, que são as despedidas.
Muitas vezes me desloquei para a estação dos caminhos-de-ferro com o fim de não me deslocar para lado nenhum. Ficava no banco de madeira a olhar a gente transitando. E me abandonava naquele assento durante horas, sem que o tempo me pesasse. Talvez eu viajasse mais que os próprios passageiros que chegavam e partiam. A minha cidade era pequena, tão pequena que os domingos, com seu tédio antecipado, não eram notados. Eu inventava os meus tempos fora do Tempo, ali na arrastada azáfama da estação ferroviária.
Não tive propriamente uma educação religiosa. Apenas de quando em quando eu entrava em recinto de igreja. Fazia-o porque havia ali um sossego que me refrescava a alma. Qualquer coisa parecida com o que eu encontrava na gare ferroviária. Com a diferença de que a estação me facultava um recolhimento do lado de dentro da Vida, um resguardo entre as pessoas e as almas que eu nelas inventava. Os fantasmas da igreja moravam na sombra fria. Os da estação eram solarentos, riam alto e falavam línguas que eu desconhecia.
Algo me ficou desse estacionamento de alma, como se eu ganhasse residência perene nas velhas estações de todo o mundo. Afinal, essa contemplação me trouxe como que um irreparável vício: ter um banco de madeira onde eu possa ver desfilar pessoas em flagrante viagem..

Mia Couto, in "Expresso", 09-02-2007

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Aeroporto de Faro, após forte chuva, Novembro de 2005.

Foto do meu colega e amigo Luís Rosa

Pensava que não era saudosista, mas quando encontrei esta foto do Luís constatei que tenho saudades do "meu"* Aeroporto, dos meus colegas, das revistas à pista, especialmente ao nascer do sol. E agora como estou na "peluda" não tenho acesso a todas as áreas aeroportuárias. A última vez que fui ao meu sector só pude entrar num dos gabinetes onde trabalhei desde 1976, acompanhada de um segurança. E... só saí de lá há 7 meses.
Foram "só" 30 anos no Aeroporto de Faro !!!


quinta-feira, fevereiro 01, 2007

Apelo a Doadores voluntários de medula1

Andreia Filipa Pereira Belmonte 13 Anos de Faro.

Eu conheço a mãe da Andreia.
Por favor ajudem.
Luísa

No inicio deste ano 2007, foi-lhe detectado Leucemia Mieloide Aguda e está neste momento a fazer tratamentos no IPO em Lisboa.
A sua Mãe está com ela a tempo inteiro e por isso teve de deixar de trabalhar.
O seu marido e pai da Andreia faleceu à 6 meses e parte da reforma do marido que corresponde a menos de 400€ é o único meio de subsistência das duas.
Têm poucas possibilidades e necessitam muito de ajuda. Neste momento tem que mudar de residencia porque o dinheiro não chega, a renda è superior ao rendimento mensal. Solicitamos assim uma pequena contribuição que poderá ser feita através de transferencia bancária para a conta da Mãe da Andreia, para diminuirmos parte do sofrimento que vive esta familia .
Por Favor ajude dê o que quizer, se calhar 5€ para si não é nada, mas para a D. Prazeres já é alguma coisa, já é uma ajuda. Devemos ser solidários.
Desde já agradeço a vossa atenção e espero contar com o vosso apoio para ajudar a Andreia.


Banco: Montepio Geral
NIB: 003600329910036236033
Titular: Maria dos Prazeres Falcão Pereira

Contacto telefónico- 939307957