Nos comentários do Frog, que me fez uma visita, encontrei este poema.
Olhando o mar, sonho sem ter de quê.
Nada no mar, salvo o ser mar, se vê.
Mas de se nada ver quanto a alma sonha!
De que me servem a verdade e a fé?
Ver claro! Quantos, que fatais erramos,
Em ruas ou em estradas ou sob ramos,
Temos esta certeza e sempre e em tudo
Sonhamos e sonhamos e sonhamos.
As árvores longínquas da floresta
Parecem, por longínquas, 'star em festa.
Quanto acontece porque se não vê!
Mas do que há pouco ou não há o mesmo resta.
Se tive amores? Já não sei se os tive.
Quem ontem fui já hoje em mim não vive.
Bebe, que tudo é líquido e embriaga,
E a vida morre enquanto o ser revive.
Colhes rosas? Que colhes, se hão-de ser
Motivos coloridos de morrer?
Mas colhe rosas. Porque não colhê-las
Se te agrada e tudo é deixar de o haver?
Fernando Pessoa
4 comentários:
Belo Lema de Vida!
Uma boa semana !
Bjks da Matilde
Querida Maryluh,
Julgo que sabes que Pessoa é o meu Poeta de eleição...mas nunca tinha lido este poema...que bom teres colocado aqui.
Beijokitas
Bela citação. Fernando Pessoa é um poeta Maior, e neste tece considerações pertinentes, como sempre, ao viver e reviver, duma forma soberba, como sempre: (sic) " Quem ontem fui, já hoje em mim não vive."
Bjinhos Ricky
Olá Maryluh
Já andei por aqui a dar uma vista de olhos.
Belo poema este. Pessoa é de excepção, sem dúvida.
Beijos
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