sexta-feira, dezembro 29, 2006

domingo, dezembro 17, 2006

Aterragem do 1º. voo comercial entre Espanha e Gibraltar


Adorei ler esta noticia aqui
e aqui
Para quem não saiba, não havia voos directos de Espanha, para Gibraltar e vice-versa. Normalmente, aterravam primeiro em Faro, aeroporto mais próximo, ou outro aeroporto nacional.
Finalmente parece que isso acabou. Não sei, ainda, se engloba os voos privados. Só encontrei a notícia em jornais espanhóis.
Os meus colegas devem ter ficado satisfeitos, também.

Pôr do sol em Faro


Fotos tiradas por MLH

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Torre da Beira

Quem me diz o nome desta torre? Parece que era dos Serviços de meteorologia.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Efemérides - Datas internacionais

Copiado daqui.
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Dias Internacionais (observados pelo sistema das Nações Unidas)

21 Fevereiro - Dia Internacional da Língua Materna (UNESCO)
08 Março - Dia Internacional da Mulher
21 Março - Dia Internacional da Eliminação da Discriminação Racial
21 Março - Dia Mundial da Poesia (UNESCO)
22 Março - Dia Mundial da Água
23 Março - Dia Mundial da Meteorologia (Organização Meteorológica Mundial)
24 Março - Dia Mundial da Tuberculose (Organização Mundial de Saúde)
07 Abril - Dia Mundial da Saúde (Organização Mundial de Saúde)
23 Abril - Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor (UNESCO)
03 Maio - Dia do Sol (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
03 Maio - Dia Mundial da Liberdade de Imprensa (UNESCO)
15 Maio - Dia Internacional das Famílias
17 Maio - Dia Mundial das Telecomunicações (União Internacional das Telecomunicações)
21 Maio - Dia Mundial para o Desenvolvimento Cultural
21 Maio - Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento
22 Maio - Dia Internacional da Biodiversidade
25 Maio - Dia de África
29 Maio - Dia Internacional das Forças de Manutenção da Paz das Nações Unidas
31 Maio - Dia Mundial do Não-Fumador (Organização Mundial de Saúde)
04 Junho - Dia Internacional das Crianças Inocentes Vítimas de Agressão
05 Junho - Dia Mundial do Ambiente (Programa das Nações Unidas para o Ambiente)
17 Junho - Dia Mundial do Combate à Seca e Desertificação
20 Junho - Dia Mundial dos Refugiados
26 Junho - Dia Internacional Contra o Abuso e Tráfico de Droga
26 Junho - Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas de Tortura
11 Julho - Dia Mundial da População (UNFPA/FNUAP)
1º Sábado de Julho - Dia Internacional das Cooperativas
09 Agosto - Dia Internacional dos Povos Indígenas
12 Agosto - Dia Internacional da Juventude
23 Agosto - Dia Internacional da Recordação do Tráfico Negreiro e da sua Abolição (UNESCO)
08 Setembro - Dia Internacional da Alfabetização (UNESCO)
16 Setembro - Dia Internacional da Protecção da Camada de Ozono
Última Semana de Setembro - Dia Mundial do Mar (Organização Marítima Internacional)
21 Setembro - Dia Internacional da Paz
01 Outubro - Dia Internacional do Idoso
05 Outubro - Dia Internacional do Professor (UNESCO)
09 Outubro - Dia Mundial do Correio (União Postal Universal)
16 Outubro - Dia Mundial da Alimentação (FAO)
17 Outubro - Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza
24 Outubro - Dia das Nações Unidas
24 Outubro - Dia Mundial da Informação sobre o Desenvolvimento
1ª segunda-feira de Outubro - Dia Mundial do Habitat
2ª quarta-feira de Outubro - Dia Internacional da Prevenção das Catástrofes Naturais
06 Novembro - Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Ambiente em Guerra e Conflito Armado
10 Novembro - Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento (UNESCO)
16 Novembro - Dia Internacional da Tolerância (UNESCO)
20 Novembro - Dia da Industrialização da África
20 Novembro - Dia Universal da Criança (UNICEF)
20 Novembro - Dia da Filosofia (UNESCO)
21 Novembro - Dia Mundial da Televisão
25 Novembro - Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres
29 Novembro - Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestiniano
01 Dezembro - Dia Mundial da SIDA (Organização Mundial de Saúde)
02 Dezembro - Dia Internacional para a Abolição da Escravatura
03 Dezembro - Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
05 Dezembro - Dia Internacional dos Voluntários para o Desenvolvimento Económico e Social
07 Dezembro - Dia Internacional da Aviação Civil (Organização Internacional da Aviação Civil)
10 Dezembro - Dia dos Direitos Humanos
11 Dezembro - Dia Internacional das Montanhas
18 Dezembro - Dia Internacional das Migrações

Anos Internacionais (proclamados pela Assembleia Geral das Nações Unidas)

2003 - Ano Internacional da Água Doce
2004 - Ano Internacional do Arroz
2004 - Ano Internacional da Comemoração da Luta Contra a Escravatura e a sua Abolição
2005 - Ano Internacional do Microcrédito
2005 - Ano Internacional da Física (aprovado pela UNESCO)

Décadas Internacionais (proclamadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas)

2005-2015 - Década das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
2003-2012 - Década das Nações Unidas para a Alfabetização
2001-2010 - Década Internacional para uma Cultura da Paz e da Não-Violência para as Crianças do Mundo
2001-2010 - Segunda Década Internacional para a Erradicação do Colonialismo
2001-2010 - Década para Reduzir a Malária nos Países em Desenvolvimento, particularmente em África
1997-2006 - Primeira Década para a Erradicação da Pobreza
1995-2004 - Década da Educação para os Direitos Humanos
1994-2004 - Década Internacional dos Povos Indígenas
1993-2003 - Terceira Década do Combate ao Racismo e à Discriminação Racial

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Pátio igreja S. Francisco



Fotos tiradas ao pôr do sol, no pátio da igreja de S. Francisco, em Faro.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Maria das Dores

O seu último comentário transcrevi-o para a Comunidade da Manga. Tem que ir até lá para ver coisas da sua terra. E falar com o Victor Cabral The Hunter que conheceu muito bem o Alberto Novais de Sousa Araújo. Ou então a Comunidade Msn da Beira a que vai achar piada porque vai reconhecer muita gente e porque não na Brigada do Reumático. Este nome foi da minha invenção, porque havia um grupinho do nosso grupo etário sempre a queixar-se e não é que quase se deixaram disso? Risos.
E só mais este, se gosta de jogos no computador, que criei para os meus pestinhas. Recreio da malta.
E por favor vá comentando aqui.
Faça o favor de ser feliz.

Chuvas fortes inundam Faro




Fotos retiradas do Observatório do Algarve.

Eu só soube da extensão da chuvada porque me telefonou um familiar.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Parque nacional da Gorongoza-Moçambique

Cliquem nas fotos para poderem ver mais fotos, do PN Gorongoza. Se puderem vão visitar. vale a pena.


quinta-feira, novembro 23, 2006

Faro com núvens

Obrigada Luís Rosa por esta foto maravilhosa. Porque será que desde Julho só lá voltei uma vez?

Nancy Pelosi Vestir Armani para brincar aos rapazes

A imagem da republicana Nancy Pelosi, de pé em frente à bandeira americana, a responder a perguntas como presumível nova "speaker" (Presidente da Câmara de Representantes), na passada quarta-feira, foi fantástica e não era só por ser a primeira mulher neste cargo. A democrata californiana estava vestida com um fato completo azul acinzentado e com uma blusa num tom de azul parecido mas ligeiramente mais escuro... Excerto do artigo aqui..

Li a noticia completa na Pública, de domingo, e caiu-me mal o titulo e o artigo. Não podia ser mais machista. Já alguma vez viram um titulo parecido, quando falam de um homem?
Exemplo: Bush vestir Valentino para brincar às mulheres. Ainda não vi nenhuma critica. Estarei errada?
Através do nome da jornalista de moda Robin Givhan encontrei o artigo no site do Washington Post. E o titulo em inglês é: "Muted Tones Of Quiet Authority: A Look Suited To the Speaker".
Tradução ensonada: Tons neutros de autoridade. Maneira de vestir apropriada para a Presidente da Câmara de Representantes .

terça-feira, novembro 21, 2006

Flores deste Outono


Façam o favor de ser felizes



Fotos minhas, não editadas.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Mãezinha


Porque será que desde há 28 anos, quase sempre, chove tanto no dia 15 de Novembro, dia em que morreu? O que me quer dizer?
Sabe que eu e os manos temos muitas saudades suas. Os seus oito netos sabem que foi uma mãe fantástica e adorariam tê-la conhecido.
Tinha que deixar aqui estas palavras dirigidas a si. Não me sai do pensamento. Nunca.
Beijinhos Mãezinha

domingo, novembro 12, 2006

Herminia

Hoje fazia anos a minha querida mãe.
Escolhi esta foto tirada em António Enes porque tem uma expressão feliz. Passado pouco tempo o meu pai teve um ataque e depois de correr hospitais em Moçambique e na África do Sul, faleceu.

Não foi muito feliz, mas tentou sempre escondê-lo e tenho que lhe agradecer isso.
Será sempre a mãe mais linda , do mundo. Mãezinha tenho sauddades suas. Sempre.

sábado, novembro 11, 2006

Os Espantosos Dançarinos do Quissengue

Auster igual ao referido no artigo.
Clicar aqui, para poder ver a página do Museu do Ar .

Auster igual ao referido no artigo. Clicar aqui, para poder ver a página do Museu do Ar .

Artigo encontrado por Ilidio Costa.

Artigo dos enviados especiais do Noticias*:
**Guilherme de Melo (Texto)
Carlos Alberto (Fotos)


*Publicado no "Notícias" de Lourenço Marques, actual Maputo, nos anos 70.


A par da criação, como vimos já, da série de postos de intervenção e aquartelamentos – que funcionam como que um baluarte ao longo do Messalo, de modo não só a impedir a infiltração dos bandos terroristas para sul do grande rio que divide o distrito em duas faixas mas igualmente para que deles partam os ataques envolventes que, como tenaz de ferro, está apertando o inimigo cada vez mais – estruturou-se em Cabo Delgado um curioso e eficientíssimo sistema de aldeamentos de fronteira que está, na verdade, provando em absoluto.
Como que num colar autêntico, inicia-se a série de aldeamentos novos junto ao litoral, logo um pouco acima de Mocímboa, para, inflectindo da costa para o interior, ir subindo e acompanhando a fronteira de modo a formar como que um radar perfeito de detecção de novos bandos que pretendam passar-se para o interior dessa vasta zona ao Norte do Messalo a fim de se juntarem, em apoio, aos que ali se encontram flagelados pela acção da tropa e das milícias que do Messalo para cima os combatem.
Por sua vez, ao criarem-se tais aldeamentos, visou-se também a necessária protecção às populações que, aglomeradas agora e possuindo os seus meios de defesa próprios, se sentem seguras e livres da acção do inimigo que até antes as perseguia impiedosamente, na tentativa de angariar gente para as suas hostes, subsistência para os seus grupos. E claro está que, sem defesa própria e expostas à sua violência, nenhuma outra alternativa mais lhes restava do que cederem mesmo à sua vontade.
Criados que foram esses vários aldeamentos que vão do litoral ao interior até ao extremo Norte, à beira do Rovuma, foi a sua orientação e protecção entregue à Guarda Fiscal. Duas dezenas de guardas partiram para esse efeito de Lourenço Marques, numa comissão de um ano, finda a qual serão por outros substituídos. E, repartidos em grupos de três por aldeamento, ali se encontram enquadrando as milícias de protecção constituídas por elementos da própria população aldeada, e só raríssimos casos reforçados por alguma tropa.
Cada aldeamento funciona com o seu sistema de defesa e detecção eficientemente montado, as casas todas rectangulares, amplas e com várias divisões sobrepondo-se à clássica palhota redonda, de divisão única e promíscua, alinhadas ao longo de arruamentos largos e sempre impecavelmente limpos. Ao centro levanta-se o amplo barracão aberto dos lados, onde um pequeno bar funciona, onde há sempre um gravador com as respectivas fitas gravadas emitindo através de altifalantes música portuguesa entremeada por música do próprio folclore nativo, e onde a população normalmente se reúne em confraternização própria de centro social que efectivamente é. Cada aldeamento tem ainda a sua escola, com o professor rudimentar; os seus serviços de administração do aldeamento; formação e treino da autodefesa, com o sistema de valas de refúgio e abrigos preparados por toda a população, que deles se sabe rápida e eficientemente servir, sem pânicos nem atropelos, em caso de necessidade. Mais ainda, cada aldeamento basta-se a si mesmo, desbravado, para isso, o mato anexo, onde as machambas se estendem, apoiadas pela criação de galinhas, cabras e, dentro em breve, suínos.

E para que a vida ali se processe calma e ordenadamente, ainda que o inimigo tudo faça, como se torna compreensível, para o impedir – a vigilância é constante, dia e noite, com milícias instaladas em torres de observação postadas nos quatro pontos limites da aldeia e outras patrulhando o mato, de arma em punho, a toda a volta, formando-se, para esse efeito, turnos rigorosamente respeitados e em que todos colaboram.
Qualquer aproximação suspeita será, pois, prontamente assinalada em primeiro lugar pela chamada defesa distante e só se porventura o bando atacante conseguir furtar-se à vigilância dessa defesa é que terão de intervir os que se encontram nas posições fixas em pontos estratégicos do aldeamento, de qualquer maneira coarctada em absoluto a possibilidade ao inimigo de surgir de surpresa. E logo que os primeiros tiros repercutam, toda a população – novos, velhos, mulheres, crianças – calma e ordenadamente buscarão a sua vala respectiva de acesso ao abrigo a que pertençam.

Assim tem sido possível verificarem-se, como já muitas vezes aconteceu, desesperados ataques do inimigo, sempre repelidos sem uma única baixa nas populações.
É essa série de aldeamentos que me espera agora, à medida que avanço cada vez mais para o Norte, aqui em Cabo Delgado. O avião que me transporta é um dos pequeníssimos mas rijos «Auster» confiados à Formação Aérea de Voluntários, e o tenente Tito Xavier quem o conduz. Noutro igual àquele em que sigo viaja o meu camarada de jornada, com o piloto Fernando José ao comando.
E, da série de aldeamentos, o do Olumbe o que fica mais junto ao litoral, mesmo na costa, acima de Mocímboa da Praia, e muito embora fosse ali que desejássemos descer primeiramente, isso torna-se-nos impossível, alagada a pista de aterragem pelas violentas chuvadas dos últimos dias. Deixamos, pois, o litoral, flectindo o monomotor cada vez mais para o interior, o Quissengue a desenhar-se pouco a pouco recortado assim, em rectângulo amplo, naquele oceano impressionante de floresta densa que vamos sobrevoando.
Damos duas ou três voltas largas e quase rasantes por sobre o aldeamento, com a população em peso acorrendo das casas, precipitando-se num frenesi para a pista anexa, aberta a pá e a catana. Vejo homens correndo de arma na mão, dispondo-se a intervalos regulares a toda a volta da faixa de aterragem, enquanto outros, em grupos, se internam no mato próximo. E, minutos volvidos, sobe no mastro, lá em baixo, uma bandeira verde. A meu lado, o tenente Tito Xavier explica-me que aquele é o sinal de que tudo está O.K., preocupações tomadas, a defesa da pista feita, as milícias a postos e que podemos aterrar.
O aparelho corta a velocidade, faz-se à pista, baixa, toca o solo, rola, e quando se detém somos positivamente afogados por um mar impetuoso de gente que ri e aplaude, mulheres de longas capulanas cingindo-lhes o corpo, lenços soltos na cabeça em estilo de Madona, rapazes de calção de caqui e camisa aberta, velhos de cabaias brancas até aos pés e o típico cofió arrendado sobre os cabelos encanecidos, velhas de lábio superior furado e atravessado por uma rodela de pau-preto, multidão exuberante, buliçosa, que ri, linguareja, expressiva, aberta, colorida como uma girândola. Uma formação de milícias nativas, com a sua farda verde-azeitona, forma uma impecável guarda de honra, enquanto o velho régulo de cabelos quase brancos e um rosto que é um hino à simpatia, avança para nós de mão estendida, a dar-nos as boas-vindas. E em meio de todo aquele povoléu em festa, os três guardas ali destacados – o Ramos, o Barbosa, o António Baptista dos Santos – recebem-nos com um sorriso aberto e olhos brilhantes: e é como de repente os visse, como tantas vezes os via aí em Lourenço Marques, perguntando nos portões do cais, se «não há azar». E sinto, de uma forma aguda, intensa, que na verdade, com gente daquela - «nunca há azar».
Vamos da pista de aterragem até ao centro social ainda em acabamento, em pleno coração da aldeia, positivamente em jeito de arraial: miúdos de bochechas luzidias embrulham-se nas nossas pernas, mulheres correm ao nosso lado, à nossa frente, a mão sobre a boca num som estridente de sino novo chocalhando, e os homens falam uns com os outros, perguntam se vamos ficar muito tempo.
Damos uma volta larga por todo o aldeamento, entramos nas casas, descemos até às machambas – e sempre à nossa volta aquele jeito de festa, aquele bulício infantil e bom. Mas já do terreiro sobem, cavos, arrastados, os primeiros sons abafados dos tambores. E Juma Abdala, o régulo, convida-nos, num perfeito português, a assistir à festa que a sua gente quer fazer.

Estão as cadeiras dispostas sob a copa frondosa de duas ou três enormes mangueiras. Sentamo-nos, a toda a volta, a multidão forma círculo. Ninguém falta – somente os que àquela hora formam emboscadas de vigilância para lá da periferia do aldeamento, os que patrulham o mato a toda a volta e os que, de arma em punho, guardam os dois aviões pousados na pista.
Está um grupo de homens no meio do terreiro, troncos nus, plumas na cabeça, saiotes garridos cingidos na cintura, até à coxa. E, sem que o pudesse até então suspeitar, vou assistir a um dos mais espantosos e fantásticos espectáculos de mímica que até hoje me fora dado a ver e que, na sua genuinidade, na sua força telúrica de arte pura – que assim os seus intérpretes no-la transmitem – arrebataria as plateias mais exigentes de uma ultra civilizada Europa.
É a história de uma qualquer aldeia gentílica a que vai, assim, através do gesto, da expressão, do salto, da contorção, do bailado e da mímica, desfilando, como um filme, ante os meus olhos: o seu dia-a-dia, as gentes, os cães lutando entre si, o bode em cio buscando a cabra esquiva, que lhe foge; o homem que não caminha e a que é preciso tirar a matacanha de entre os dedos; o milícia vigiando, repelindo o grupo dos turras que detectou no mato, combatendo-o mais pela argúcia do que pela superioridade numérica, aniquilando-o; o retornar à paz, à tranquilidade; a partida da casquinha para o mar, na pescaria, o içar da vela, os remos ajudando, o leve ondular do mar em tempo bom; a pausa ao largo, o lançar da linha, a espera, o picar do peixe, a luta com a presa; e de repente o levantar do vento, o erguer das primeiras ondas, o prender da vela, o regresso a terra, o temporal, a luta com o mar em fúria, o desesperado tirar da água de dentro da piroga, a queda de um dos tripulantes ao mar, a luta para o seu salvamento, a sua retirada das águas, inerte, tombado, a casquinha já varando terra; e o retorno lento e desolado, o companheiro sem dar acordo, a tentativa da libertação da água acumulada em seus pulmões, a ânsia à sua volta, o primeiro movimento, a vitória sobre o que parecia ser a morte; o passar do temporal, a alegria do sol que volta, da vida que ressurge – e de braços alevantados para o alto, o corpo num sacudir de instante a instante mais acelerado, os tambores ganhando um som de alucinação, os homens invocam a força que vem dos deuses e dançam e saltam e giram, numa aleluia, num hino à Vida, à Natureza. Tudo é agora um rodopio de vertigem, de loucura, o ar cheira a suor, a terra dir-se-ia que trepida sob os pés nus e vigorosos, os tambores ressoam numa galopada, é a floresta que canta, é a terra que ri, é o sol que se alevanta – e a um só movimento, num grito de alegria quase feroz, a dança finda de chofre.
Estou esmagado pela beleza espantosa que assim tive diante dos meus olhos, ali, no coração de Cabo Delgado, com o Rovuma a dois passos, aquela mensagem autêntica de Arte viva e genuína, sem escolas, sem pretensiosismos, sem especulações intelectuais ou pseudo-intelectuais – mas vinda de geração para geração, sabendo a terra, a rios, a selva, a vento largo.
E quase sinto vontade de chorar por esta África de espanto e de cobiça, esta África maravilhosa e pura, sensual e bela, esta África retalhada, incompreendida, joguete de mil interesses – e que é também a minha terra.
Almoçamos no Quissengue. A meio da tarde levantaremos voo rumo ao aldeamento mais ao Norte da série assim formada e que constitui o radar vivo da fronteira com o Tanganhica. Será aí, em Nhica do Rovuma, entre a população aldeada, os guardas fiscais, as milícias e a unidade militar para lá destacada, sob os alpendres de matope endurecido como cimento e os abrigos em caso de ataque sob os nossos pés, que iremos passar a noite – o Rovuma diante de nós, com fogueiras ponteando a treva do lado de lá da margem, já em território tanzaniano.

Antes, porém, espera-nos o almoço no Quissengue – galinhas à cafreal, loiras e fumegantes, ali mesmo assadas diante de nós, genuínas, autênticas. E enquanto os meus companheiros de jornada as acompanham com uma cerveja gelada, num mútuo entendimento, sem palavras, o velho Juma Abdala acerca-se de mim e, com um sorriso largo, oferece-me a água leitosa e crepitante ainda de dois cocos acabados de colher de colher de um qualquer dos coqueiros que se alevantam a toda a volta do aldeamento.
E tem para mim o sabor requintado, que só os grandes restaurantes estilo «Tour d’argent» decerto imprimirão, aquele almoço maravilhoso de galinhas à cafreal, tostadas e picantes, regado assim a água de coco.
Mas não estou no «Tour d’argent» nem no «Aldorf»: com o eco dos tambores ressoando no batuque, homens de espingarda nas mãos, de calção ou capulana beirando o solo, a montarem guarda ao avião que me trouxe, almoço no Quissengue. E tenho, por anfitriões admiráveis, três guardas fiscais que viviam o seu dia-a-dia anónimo e obscuro aí pela porta 1 ou 3 da ponte-cais – e um homem bom e simples que, como tantos outros por este Norte imenso, disse «não!» ao inimigo. Chama-se Juma Abdala.
GUILHERME DE MELO

**Guilherme de Melo
(Maputo, 1931)

Nascido em Lourenço Marques, hoje Maputo, Guilherme de Melo iniciou aí a sua carreira jornalística como repórter do Notícias de Lourenço Marques, onde atingiu o lugar de director-adjunto. Foi ainda em Moçambique que publicou os seus primeiros livros: um de contos A Estranha Aventura e dois romances A Menina Elisa e As Raízes do Ódio, este último apreendido pela PIDE (PAR).
Radicou-se em Portugal em 1974, retomando a sua actividade profissional como redactor do Diário de Notícias. Deu igualmente a lume, entre outras obras, A Sombra dos Dias, recomendado pelo júri do Prémio Literário Círculo de Leitores, Ainda Havia Sol, O Que Houver de Morrer, Os Leões Não Dormem Esta Noite, Como Um Rio Sem Pontes, As Vidas de Elisa Antunes e A Porta ao Lado. Participou igualmente no álbum Os 7 Pecados Capitais.


quarta-feira, novembro 08, 2006

domingo, novembro 05, 2006

terça-feira, outubro 31, 2006

Bodas de coral

31.10.1971

Luísa e António
Hoje faço 35 anos de casada.
O casamento foi na igreja de Sto. António, da Polana, em Lm.
Têm sido anos bons.
O meu desejo é que continuemos a ser felizes. Muito!!!
E todos os que o quiserem ser!!!
Luísa




segunda-feira, outubro 30, 2006

Castanhas

Foto de Robert Browning


domingo, outubro 29, 2006

Flor das amendoeiras

Um dos ex-libris da minha terra natal.

Almendra Editado...


Castela:

Apaguei a foto porque não deixei o registo donde a tinha tirado e fui chamada a atenção para isso. Como acho que tem toda a razão, e não me lembro donde foi, deixo o meu pedido de desculpas...e quem me conhece sabe que eu gosto de dar os créditos a quem os merece.
E saí muito nova de Castelo Rodrigo, daí as confusões com os locais.

E sou uma Luísa...

Ao dispor.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Comentários precisam-se


Uma amiga mandou-me esta foto , com o cometário:
Para que veja do que se livrou!!!

domingo, outubro 15, 2006

Pq venho menos aqui.


Não pensem que estou de férias, mas o Voando em Moçambique, felizmente, têm-me ocupado muito o tempo!!!

domingo, outubro 08, 2006

Descanso- Angoche


Hoje ofereceram-me esta foto tirada em Angoche, onde vivi algum tempo.
Fiquei tão feliz. Não percam a leitura do blog.
Luh

8 árvores


Encontrada na Net.

quinta-feira, outubro 05, 2006

Toyota Cows

Longe de mim fazer publicidade, mas o anuncio está tão giro!!!
Obrigada pecaas

sábado, setembro 30, 2006

Asas de anjo



Foi-me enviado pela Ermelinda. Obrigada

terça-feira, setembro 26, 2006

domingo, setembro 24, 2006

terça-feira, setembro 19, 2006

Para quem gosta de aviões.

Verdade ou mentira?....já não digo nada,...há malucos para tudo

http://media.putfile.com/Dalian-Plant-2

...e tb há o posto

http://media.putfile.com/Tree-Top-Flyer

....e ainda os descontraidos

http://media.putfile.com/Friday-Creek

Mensagem de Morgas.

domingo, setembro 17, 2006

sábado, setembro 16, 2006

Morreu Oriana Fallaci












Cliquem na foto para ir ler um artigo sobre
Oriana Fallaci, que eu recomendo.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Mais uma bebé no mundo!!!




A Lauren Mikaela nasceu no dia 12.09.2006. É neta de uns amigos meus.
Desejo as maiores felicidades a toda a familia.

domingo, setembro 10, 2006

Safari 1



E mais um para matar saudades.

sexta-feira, setembro 08, 2006

Safari



Eu recomendo uma visita ao continente africano.

quinta-feira, setembro 07, 2006

Amoras



Adoro amoras. Daquelas que estão ainda nas silvas, cheiinhas de poeira.

sexta-feira, setembro 01, 2006

1 de Setembro de 1939



De cima para baixo e da esquerda para a direita: Desembarque aliado nas praias da Normandia no Dia D, o Congresso Nazi de Nuremberga em 1936, os portões do campo de concentração nazi de Auschwitz, bombardeamento nuclear de Nagasaki, soldados soviéticos penduram uma bandeira soviética no Reichstag em Berlim.
Data:
19391945
Local:
Oceano Pacífico, Sueste asiático, Médio Oriente, Mediterrâneo e África
Resultado:
Vitória Aliada
Combatentes
Aliados:Polônia,Reino Unido,França,União Soviética,EUA,Brasil,China,e outros
Eixo:Alemanha,Itália,Japão,e outros
Vítimas
Mortes militares: 17 milhõesMortes civis: 33 milhõesTotal: 50 milhões
Mortes militares: 8 milhõesMortes civis: 4 milhõesTotal: 12 milhões
A Segunda Guerra
Começou com a invasão da Polónia em 1 de Setembro de 1939, há 67 anos.

Dados copiados daqui.

quinta-feira, agosto 31, 2006

Para os que gostam de aviões3

Para os que gostam de aviões 2



Acho este um espéctaculo...
E não me esqueço das acrobacias, que vi, feitas pelo Comandante Rui Monteiro, do Aero Clube de Moçambique, num Piper Cub.

Para os que gostam de aviões 1

terça-feira, agosto 29, 2006

Dúvidas provocados pelo calor.

Tenho tentado nas minhas andanças pela Net, só deixar palavras profiláticas/inóquas. Todos os dias deparo com cada coisa, que vá lá saber o porquê, me surpreendem, mesmo, não ficando admirada quando acontecem.
Estou mais desconfiada, desiludida...
Uns apagam coisas de outros, pq na casa deles não fizeram nada...outros não apagam pq acham que todos devem saber... Uns ofendem outros e outros acham que como não foi na casa deles, e a eles, devem fechar os olhos...
A sério. Quem está certo ou está errado?

sexta-feira, agosto 25, 2006

Para os que gostam de aviões


Obrigada Rui, meu quase "pimu".

quinta-feira, agosto 24, 2006

terça-feira, agosto 22, 2006

Saudades



Hoje que faço anos, lembro-me muito dos meus queridos Pais, que já morreram. Lembro-me também dos meus irmãos,familia e amigos. Tenho muitas saudades vossas.
Obrigada por tudo.
Por favor continuem a zelar por mim.
Luísa
Foto do local onde nasci tirada por um dos meus irmãos.

segunda-feira, agosto 21, 2006

Boa semana


E voltou o calor...

quinta-feira, agosto 17, 2006

Túlipas

Para alegrar estes dias enovoados e ventosos

domingo, agosto 13, 2006

Preguiça


Vou tentar seguir este conselho...Photobucket - Video and Image Hosting

quinta-feira, agosto 10, 2006

Paz-Peace-Paix-Pace




Copiado daqui, com o pedido de divulgarmos.

terça-feira, agosto 08, 2006

segunda-feira, agosto 07, 2006

Nunca a esquecerei

Querida Prima:
Nunca a esqueceremos.
Espero que continue a cuidar de mim e dos manos.
Agora sim considero-me orfã.
Maldita doença que a levou com tanto sofrimento.